domingo, 19 de outubro de 2008

Os Filhos de Raven - Capítulo I (Parte II)

Amara tinha nos olhos o fulgor da tempestade e no rosto a severidade dos perdidos. Como um vulcão, nunca escondia as suas emoções, nem mesmo perante os inimigos, e a beleza dos seus cabelos de fogo, misteriosos como as trevas do seu olhar, reflectiam a sua personalidade de líder incontestável.
- Como é possível – dizia, exasperada, enquanto caminhava de um lado para o outro na sua pequena casa – que ninguém faça o menor gesto para avançar com o plano? Serei eu a única interessada em restaurar a tranquilidade de Lithian?
- Acalma-te, Amara. – respondeu o mestre – Sabes que as coisas não são assim tão simples. Tens noção de quantas vidas apostas no teu jogo de guerra? Se houver a menor falha, estaremos todos mortos ao amanhecer do dia seguinte.
Amara suspirou.
- Eu sei, mestre. – respondeu – Simplesmente irrita-me que o tempo passe tão devagar.
Andros sorriu. Não o surpreendia, de todo, o comportamento intempestivo da sua discípula. Afinal, o seu ódio pelos Raven era algo de visceral, inviolável. Como poderia ser de outra forma, depois de tudo o que estes lhe haviam feito?
- Creio – disse – que necessitas de um pouco mais de tranquilidade, Amara. E entendo que não é fácil para ti, enquanto o reino treme sob o peso das conspirações, ficar aqui, em Varin, à espera que as nossas forças se reúnam. Ainda assim, precisas de ter paciência.
- Terei paciência. – declarou Amara – Mas talvez ajudasse um pouco se as nossas fontes nos trouxessem novidades…
Nesse momento, uma criança entrou pela casa adentro, apressada e ofegante.
- Que se passa, Mirian? – perguntou Andros, dirigindo-se à pequena rapariga de cabelos emaranhados e olhos de azul celeste.
- Vem aí… - balbuciou esta – Vem… Vem aí um cavaleiro.
Amara assentiu.
- Viste as armas dele?
- Não traz armas. – respondeu Mirian – Vem completamente de negro e… Parece apressado.
Andros anuiu.
- Um condenado em fuga… - murmurou – Provavelmente, um dos nossos. Teremos sido descobertos?
- Que os deuses tenham misericórdia. – replicou Amara – Se isso aconteceu, não nos resta salvação.
» Mas vamos. – declarou, afastando, com as suas palavras, a sombra da espada que pairava sobre as suas cabeças – Vejamos quem é esse cavaleiro e o que tem para nos dizer.

3 comentários:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Agradam-me os diálogos, neles retinem uma linguagem digna de cada personagem.
Fico à espera de mais!

***

susanna disse...

Gostei!!!!! Nada de surpreendente... k dupla espectacular: a mulher-metrelhadora :P e... bem ainda tems d arranjar um nick pa o bruninho.
miss u girl!

P. Páscoa disse...

Só agora descobri o Blog. Pelo pouco que li até agora parece-me muito bem. Vou continuar a acompanhar, mais tarde deixarei a minha opinião.

 

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