terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Capitulo III (Parte III)

Os passos compassados e molestos eram somente um pequeno indício do estado nervoso em que se encontrava Elara. Tinha sido demasiado tempo perdido, nada podia dar errado. E era tanta responsabilidade que recaía sobre dois homens inúteis… Deveria ser ela a disparar as flechas….mas era desmedidamente ousado.
Nervosamente, fechou os seus punhos. Se Rómulo falhasse, não descansaria enquanto não observasse a cabeça do guerreiro rolar até aos seus pés. Aproximou-se da janela do seu quarto e olhou para o pátio onde os escravos tratavam de alguns preparativos. Elara soltou um sorriso tremido, pegou em uma pequena agulha que estava na mesa do lado direito da janela e crivou-a no seu dedo mindinho da mão esquerda,
- Meu pai, hoje provar-te-ei, a ti e a toda a gente, de que fibra é feito o sangue que corre nas minhas veias! Eu e só eu serei a rainha!

- Mas…Mas onde está ela? – perguntava a rainha, desesperada. – Onde se meteu aquela incapaz? Que não lhe passe pela cabeça abandonar o meu filho! Não hoje! Não depois de tudo!
- Tenha calma, minha rainha. Provavelmente foi ter com alguém. – sugeriu a conselheira.
- Sim, vamos ao jardim. Espero que ela esteja por lá. Para o bem dela! Que não volte a pisar o solo deste reino se me fizer tal desfeita, porque a sua cabeça será distribuída pelos leões!
A rainha e a conselheira real saíram em passo apressado em direcção ao jardim Amedrontados pela sua expressão furiosa, os soldados e os escravos afastavam-se apressadamente de Alessandra.
O jardim real assemelhava-se a um labirinto e a procura por Ísis seria bastante exaustiva caso fossem apenas as duas mulheres.
- Minha rainha, não vale a pena cansar-se. Convoque alguns soldados para vasculharem o jardim.
- Eu não quero que isto se espalhe. Seremos só nós duas…E teremos que acelerar o passo.
- De acordo, minha rainha.
As duas seguiram caminhos diferentes tentando encontrar Ísis o mais rapidamente possível.
“E ela não estiver cá? Coitada da rainha…tanto esforço, tanto empenho e agora aconteceu isto...algo que ninguém poderia adivinhar.”, pensou Dyniana.

Entretanto, o rei acompanhava o seu filho cumprimentando todas as famílias presentes. Adhemar divertia-se com a falsidade de seu pai, a sua capacidade de falar com as gentes que lhe apenas desejavam o escalpe, que seriam os primeiros a cavar a sepultura da família Raven. Mas o reino era propício a estas situações. as uniões entre as pessoas tinham o seu momento E a amizade era uma palavra utópica. Até mesmo o príncipe já estava bastante evoluído na sua aprendizagem de relações interpessoais. Não foi, por isso, surpresa para o rei o à vontade do príncipe a falar com Rhemos, seu inimigo de infância.
Se é verdade que já tinham passado anos desde o seu último encontro, o olhar dos dois não mentia. O ódio mantinha-se lá, não tinha morrido. A sorte de Adhemar em ser filho do rei causava a inveja de Rhemos, e a facilidade com que o príncipe pôde igualar a educação dos outros foi a machadada sinal. Adhemar, como qualquer filho de rei, tinha a sua própria educação e, assim, logo desde os três anos começou a ser educado, assim continuando até aos quinze anos. Aí, o jovem fartou-se das paredes do castelo e solicitou aos pais que pudesse ter uma educação igual à dos outros, e assim foi colocado na Escola de Hallyarth, para onde iam todos os filhos de nobres. Entre eles encontrou Rhemos, filho do falecido Guiliärt, um dos mais bravos guerreiros do reino e de Yudimassa, uma das mulheres mais belas de Lithian, viúva cobiçada pelos mais valorosos soldados, mas sem que nenhum deles tivesse sucesso. Até Gälart tinha falhado as suas tentativas.
As quezílias entre Adhemar e Rhemos duraram por todo o período escolar. Qualquer rapariga que fosse alvo do desejo do príncipe era, desde esse momento, também um objectivo de Rhemos, mesmo que este não suportasse a presença da rapariga. Os professores, receosos, sempre deram as melhores notas a Adhemar perante a irritação de Rhemos. O príncipe não se importava em ser beneficiado, mais tempo lhe sobrava para andar na boa vida com o seu primo. Os constantes sorrisos de troça de Adhemar tiravam Rhemos do sério e em uma noite encontraram-se sozinhos em um canto escuro da cidade.
- Pois é hoje que acertaremos as contas, Rhemos. – afirmou o príncipe.
- Admira-me que não tragas as tuas mascotes de estimação atrás de ti. Surpreende-me, é certo. – observou o inimigo.
- Não preciso dos meus soldados para tratar de ti. És demasiado insignificante. – sorriu Adhemar.
- Isso veremos! – exclamou Rhemos atirando-se a ele, tentando acertar-lhe com o punho.
Adhemar desviou-se e deu uma joelhada no estômago de Rhemos.
O filho de Guiliärt soltou sangue pela boca, ajoelhou-se no chão com as mãos sobre a zona atingida.
- Já acabou? É tudo o que tinhas para dar? – perguntou Adhemar, soltando uma gargalhada.
O olhar de Rhemos endureceu ao ollhar para o príncipe.
- Não, meu príncipe! Não acabou!
Levantou-se, meio cambaleante e, olhando para o chão, começou a rir-se.
- Qual é a graça? – questionou Adhemar irritado.
Rhemos tirou uma adaga do seu cinto.
- Não sairás daqui vivo…meu príncipe.
O adversário do príncipe correu com a adaga apontando ao coração do inimigo, porém a sua velocidade não foi suficiente para surpreender o adversário. Adhemar saiu da frente de Rhemos e pregou-lhe uma rasteira, a adaga foi de imediato recolhida pelo príncipe que colocou-a na garganta de Rhemos.
- Cobarde! Devia matar-te agora mesmo! – exclamou Adhemar.
- Pois que esperas? Tanto eu como tu sabíamos ao que vínhamos. Hoje só um sairá vivo!
- Não vai ser necessariamente assim. – afirmou o príncipe sorrindo.
- Mata-me!
- Não! Hoje é o dia em que te deixo viver! Hoje é o dia em que tu ficarás em dívida comigo…para sempre! E saberes isso…é pior castigo que a morte. – disse Adhemar, levantando-se e atirando a adaga para longe.
Rhemos não se levantou. As lágrimas escorriam pelo seu rosto. A humilhação tinha sido total. Olhou para o lado e numa garrafa partida viu o seu reflexo. Procurou uma pedra no chão e atirou contra a garrafa, partindo-a. Era demasiado vergonhoso olhar para si próprio… Depois, sabendo que o príncipe ainda o podia ouvir gritou o mais alto possível.
- Vais pagar por isto, príncipe! Um dia irás pagar! Um dia será feita vingança!
Aquela noite foi totalmente recordada nos poucos segundos em que se cumprimentaram.

Quando o desespero já invadia o rosto da rainha, a voz de Ísis surgiu no horizonte.
- Minha rainha. – chamou a noiva que apareceu nas suas costas acompanhada da conselheira real.
- Aqui está ela. Estava sentada à beira do lago do jardim. – disse Dyniana.
- Minha filha, que te deu para desapareceres assim? Ias-me matando de preocupação! – exclamou a rainha.
- Perdoe-me minha rainha, apenas precisei de um tempo sozinha. Hoje é um passo enorme para mim. Por favor, perceba-me.
A rainha agitou as suas mãos acelerada.
- Não há tempo para perceber ou não perceber! A hora do casamento aproxima-se! Temos que nos despachar.

Finalmente chegou a hora do casamento. A noiva acabou por chegar um pouco atrasada, mas nada de muito estranho e até habitual nos casamentos.
Na primeira fila, era impossível a Elara disfarçar o seu nervosismo, mas a situação em que estava era um bom álibi. Afinal, porque não estaria impaciente com o casamento de um irmão? O rei e a rainha sentaram-se em tronos improvisados ao lado do altar exterior. Alvos muito fáceis, pensava Elara. Na fila de trás estava Rómulo, que, aproveitando um momento de maior confusão, segredou ao ouvido da princesa que os arqueiros estavam em posição.
A cerimónia ia decorrendo normalmente. Gälart, também na primeira fila, não conseguia evitar uns sorrisos de vez em quando. Nunca imaginara o primo naquela situação e só tentava imaginar o que sairia dali. Quando o padre perguntou se Adhemar tinha a certeza de que queria aceitar Ísis como sua esposa, Gälart ainda paralisou por alguns segundos. Será que o príncipe faria a desfeita aos seus pais?
- Sim. - respondeu o príncipe, descansando todos os presentes.
Quando todos pensavam que o casamento estariaa terminado assim que Adhemar e Ísis selassem a cerimónia com um beijo, duas setas sobrevoaram os presentes, uma delas atingindo o rei, e provocando o caos no recinto, impedindo os presentes de ver que a outra flecha não atingira o príncipe, pois este desaparecera…

2 comentários:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Mui interessante ^^

Mas, um conselho: poderias dar um pouco mais de ênfase aos acontecimentos, torná-los mais vividos.

Beijinhos!

Anónimo disse...

Achei k a parte final foi um pouco apressada. devia ser descrita de uma forma mais "empolgante", afinal de contas trata-se de um casamento k tb é uma conspiracao e uma tentativa de assassinato. apesar de td, gostei do capitulo. algo me diz k o proximo vai ser mto bom... xD

Diego Nero

 

site weekly hits
Corporate-Class Laptop