terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Capitulo III (Parte V)

Rómulo tinha a noção de que os arqueiros não tinham fuga possível. Os soldados que o seguiam cercariam as torres e, assim que os assassinos do rei fossem apanhados tudo estaria perdido. Abriam a boca em troca da liberdade e o plano estava arruinado. Porém, com a ajuda de Serpeus, um soldado com mais amor pelas moedas de ouro do que pelo reino, tinha elaborado um plano. Em ambas as torres havia deixado algumas tochas para com elas atear fogo a ambas as torres. Rómulo trataria da torre do seu lado direito enquanto o seu aliado estava encarregue da outra.
Ambos pediram aos soldados para esperarem e entraram nas torres. De imediato atearam o fogo, impedindo a saída dos arqueiros. Em seguida, saíram apressadamente, anunciando em falsos gritos de horror que as torres estavam a arder. Nenhum dos arqueiros, que rapidamente desciam as escadas para tentar a fuga, sabendo que se fossem apanhados pela rainha seriam entregues aos leões, conseguiu evitar uma expressão de terror ao encontrar as chamas. Logo naquele local gritaram por ajuda. Rómulo, Serpeus e seus homens ouviram perfeitamente os gritos desesperados.
- O fogo é um castigo brando para o vosso crime! – exclamou Rómulo.
- Ardei no inferno que criaste! – apoiou Serpeus.
Os arqueiros voltaram a subir as escadas e de cima das torres suplicaram por ajuda.
A rainha dirigiu para as torres um olhar de desprezo.
- Os santos protegeram-vos, malditos. Pudesse eu as colocar minhas mãos em vocês... Deixasse-me Deus vingar a sangue frio a morte do meu rei.
A atenção de todos desviou-se das torres, Elara, acompanhada de quatro soldados e de um desconhecido, aproximavam-se da rainha.
- Minha mãe, minha rainha, olvide aqueles dois, pois são apenas carneiros. Apresento perante si o mentor de todo este trágico estratagema.
Durun sentia-se confuso com tudo aquilo. Ele, mentor? Ele, culpado daquele atentado? Sim, ele tinha um plano, todos os seus amigos tinham, mas esse plano tinha falhado. Alguém interviera, alguém que não tinha nada a ver com o plano de Amara.
- Quem és tu, miserável? Porque trouxeste a morte a um dia de festa? – questionou a rainha, aproximando-se de Durun.
- Sou Durun, filho dos vales e bosques. Venho sozinho e, ao contrário do que a princesa afirma, não tenho nada a ver com a morte do rei.
- Além da morte do meu marido ainda te dás ao desplante de contradizeres a minha filha? Como te atreves? Quem pensas que és? – interrogou Alessandra em cólera.
Elara aproximou-se de Rómulo, deixando a rainha e os soldados com Durun.
- Idiota! Tu disseste que eles não falhariam! O meu irmão fugiu! – murmurou Elara, zangada.
- Deixe que aqueles idiotas morram queimados. O príncipe fugiu,mas ainda há esperança. Ainda há algo a fazer. Enviaremos soldados à sua procura… Soldados para o eliminar. – segredou Rómulo.
- Espero que sim, para tua saúde. – ameaçou Elara - Considera este como o teu primeiro e único perdão, meu querido Rómulo. Caso não consigas os teus intentos, poderás ter a certeza disto… Tu morrerás!
Entretanto Durun tremia perante a Rainha. Por mais que jurasse que nada tinha a ver com o que tinha acontecido Alessandra não acreditava.
- Soldados, - ordenou esta - levem-no para a Câmara de Azthar. A sua dor não lhe permitirá mentir por muito mais tempo.
O cenário de festa estava agora destruído. O corpo do rei havia sido retirado pelos soldados, as torres haviam sido incendiadas e os arqueiros queimados. Ísis encontrava-se abraçada ao pai chorando pelo desaparecimento de Adhemar.

Nesse mesmo instante na floresta, Delenia e Adhemar corriam como loucos até que o príncipe parou, esgotado.
- Pára… - pediu, tentando recuperar o fôlego - Onde vamos? Penso que já corri muito trilho com alguém que desconheço.
Delenia sorriu.
- Alguém que te salvou. – respondeu - Não achas que é o suficiente para confiares em mim?
- Diz-me o teu nome.
- O que interessa? Não será o meu nome que te salvará a vida mas sim as nossas pernas. Não sabes o que aconteceu, temos de continuar.
- Encontraremos um abrigo para descansarmos. – sugeriu o príncipe.
- Está bem – disse Delenia, impaciente – Mas vês aqui algum abrigo? Ou queres abrigar-te numa toca de esquilo?
Sem palavras para a contradizer, o príncipe não disse mais nada, continuando a caminhar.
Delenia parou por alguns segundos, esperando que Adhemar se aproximasse. O seu rosto estava agora profundamente sério.
“Porquê?”, pensava. “Porque é que te salvei? Espero que Amara saiba o que fazer.”

sábado, 24 de janeiro de 2009

Capítulo III (Parte IV)

A confusão instalou-se entre os convidados, como um fogo devorador sobre os campos ressequidos. O medo cantava aos corações uma sinfonia de morte e de terror e, movidos pela compulsão que lhes gritava que sobrevivessem, muitos dos convidados afastavam-se do local, uns correndo pelas suas vidas, outros tentando disfarçar a apreensão numa retirada aparentemente serena.
Havia entre eles, contudo, mais que um homem com razões para temer pela sua vida e, de todos eles, era Lothian o que se encontrava mais próximo da suspeita, parado junto ao trono de onde o rei deveria dar início às celebrações com um breve gole do cálice envenenado.
Que mãos haviam enviado aquelas flechas contra o rei? Seriam aliados ou inimigos? Poderia correr o risco de permanecer sereno ante uma ameaça desconhecida? Lentamente, velando para que os apressados presentes que se cruzavam com ele não notassem que se dirigia ao trono, o conselheiro aproximou-se, pouco a pouco, da pequena mesa onde repousava o majestoso cálice. Olhou em volta, assegurando-se que ninguém vigiava os seus actos. Depois, discretamente, empurrou com o pé a pequena mesa, levando a que esta tombasse, derrubando o conteúdo do cálice.

Entretanto, no recinto dos nobres, outros olhos seguiam, apreensivos, o desenrolar dos acontecimentos. Sabia que, de todos os lordes de Lithian, sempre fora o favorito do monarca. Na verdade, conquistara esse lugar à custa de todos os meios que encontrara ao seu alcance. E agora Amon estava morto, assassinado diante dos olhos da elite do seu povo, pelas mãos de inimigos invisíveis à sua visão. Quem seriam os responsáveis por aquele atentado? Estaria também a sua vida em risco?
- Lorde Westraven. – chamou uma voz atrás de si, sobressaltando-o.
- Sim? – respondeu, agitado, enquanto se voltava, para encontrar, fixo em si, o rosto preocupado de outro dos senhores do reino, Soran Fadenbran. Evidentemente, também ele comparecera à cerimónia, e fizera-o nos seus mais ricos trajes, ostentando uma luxuosa capa de veludo escarlate que parecia iluminar a obscuridade das vestes que completavam a sua indumentária. Também ele parecia fitar o local onde o rei tombara, como se procurasse algo, mas, contrariamente a todos os que o rodeavam, não parecia agitado nem assustado com a situação.
- Não devíamos ficar aqui. – declarou Soran, na sua voz suave – Não sabemos quem está por trás deste… deste crime… Poderão ser também nossos inimigos. Principalmente, sabendo da sua relação de proximidade a Amon.
Caledon estremeceu.
- Tem alguma ideia de como sair daqui? – perguntou – Se o rei foi atingido perante todos os seus guardas, não creio que exista um único lugar seguro em Vareil. Vá, se precisa de partir! Eu fico aqui.
- Por amor de Deus, Westraven! – exclamou o lorde, preocupado – Acha que expor o seu corpo à morte lhe confere algum benefício? Eu posso salvá-lo, homem!
- Pode? – replicou Caledon, surpreendido – Como…?
Soran suspirou, desviando, enfim, o olhar da confusão que se avultava em redor do monarca assassinado. Não poderia continuar a fitar o espaço sem que suscitasse desconfianças. Ainda assim, perguntava-se o que teria acontecido com Delenia, e porque razão desaparecera da vista de todos o corpo ou a vida do príncipe herdeiro.
- Sabe que tenho muitos inimigos. – explicou, tentando parecer conciliador – Isto não deve ser segredo para si, uma vez que também os tem. Acontece que, contrariamente e a si, e não veja isto como um insulto, eu nunca tive ao meu dispor a protecção das forças reais. Foi por isso que criei o meu caminho de fuga, para que, se um dia, se revelasse necessário, pudesse garantir a minha segurança. Não posso morrer enquanto não tiver um herdeiro a quem deixar o meu nome. – acrescentou, pensativo.
» Fujamos de Vareil, Westraven. – insistiu - Tenho um casebre escondido nos arredores, onde armazenei meios suficientes para que possamos partir para um lugar seguro. Qualquer lugar que escolhamos…
Caledon hesitou.
- Confie em mim. – insistiu Soran – Salve a sua vida. Não lhe pedirei nada em troca. Mas, se vem comigo, então temos de o fazer já! – acrescentou.
Relutante, Caledon assentiu, lançando um último olhar ao espaço em seu redor.
- Vamos. – disse – Não creio que seja de qualquer utilidade ficar aqui.

Não tivera qualquer hipótese de se aproximar da rainha, cercada por um grupo de soldados que, prontamente, haviam acorrido, ao ver o corpo do rei tombar por terra, para proteger a família soberana. Devastada, Alessandra chorava sobre o cadáver do marido, como se o seu mundo tivesse desabado naquele exacto momento, ainda que os seus olhos parecem emanar mais cólera que dor.
Na fúria da sua perda, a rainha exigia que os responsáveis fossem trazidos à sua presença, uma vez que os queria ver mortos, pelo que, incapaz de cumprir com a sua missão, Avalen achou mais seguro afastar-se, ainda que, oculto sobre o disfarce de um dos acólitos, poucos pudessem suspeitar da sua verdadeira missão.
De qualquer forma, porque deveria ficar e arriscar a vida na hipótese de ser descoberto, se era já mais que evidente que não conseguiria alcançar o seu alvo? Discretamente, afastou-se da confusão, retirando-se lentamente do espaço, buscando entre passos uma forma de sair de Vareil. Um breve suspiro escapou-lhe, então, dos lábios. Como reagiria a senhora Morningstar ao seu fracasso?

Era como uma estátua de pedra a jovem princesa que, silenciosa e serena, fitava o cadáver do seu pai. Ligeiramente afastada da rainha chorosa e dos soldados que a defendiam, Elara parecia ser um alvo surpreendentemente fácil para o homem que fora encarregue de a neutralizar. Na verdade, apenas quatro homens a acompanhavam, e, pelo luxo ostensivo das suas vestes, pareciam pertencer aos convidados da família real e não aos defensores do reino.
Provavelmente seria notado, pensou Durun, enquanto, passo a passo, se aproximava, mas não antes de cumprir com a sua missão. Escondido entre os soldados e trajado com o mesmo uniforme de todos eles, ninguém suspeitaria dos seus objectivos até que fosse demasiado tarde.
Não contava, contudo, com a previdência da princesa que, responsável pela morte do rei, não deixara de prever a possibilidade de um ataque à sua pessoa, quer fosse porque suspeitassem da sua intervenção, quer porque alguém a tivesse traído. Foi, por isso, com espanto que, quando se aproximou do corpo de Elara, Durun se viu rapidamente agarrado pelas mãos dos quatro homens que a rodeavam e que, rapidamente eliminaram a sua resistência através da violência dos seus golpes.

Entretanto, na sua pequena casa em Varin, a senhora daquela conspiração perdida fitava atentamente os olhos da criança vidente. Naquele momento, toda a sua juventude se desvanecera no poder da profecia e Mirian tinha no rosto a profundidade dos abismos. Demasiado jovem para ter no corpo a força de um adulto, tinha na alma todos os séculos do mundo.
- Consegues vê-los, Mirian? – perguntou Amara, suavemente – Podes dizer-me alguma coisa?
O verde-claro dos olhos que tudo viam fitou-se no rosto da inquiridora, severo e entristecido por demasiadas visões. Na verdade, nada se desvanecia perante a sua omnipresente visão, mas, no caos de todas as divisões e confusões que haviam tomado posse da malfadada cerimónia, a vidente não podia encontrar mais que uma certeza, um murmúrio de totalidade em todos os fragmentos que observava.
- Falharam, Amara.- disse - Falhámos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Capitulo III (Parte III)

Os passos compassados e molestos eram somente um pequeno indício do estado nervoso em que se encontrava Elara. Tinha sido demasiado tempo perdido, nada podia dar errado. E era tanta responsabilidade que recaía sobre dois homens inúteis… Deveria ser ela a disparar as flechas….mas era desmedidamente ousado.
Nervosamente, fechou os seus punhos. Se Rómulo falhasse, não descansaria enquanto não observasse a cabeça do guerreiro rolar até aos seus pés. Aproximou-se da janela do seu quarto e olhou para o pátio onde os escravos tratavam de alguns preparativos. Elara soltou um sorriso tremido, pegou em uma pequena agulha que estava na mesa do lado direito da janela e crivou-a no seu dedo mindinho da mão esquerda,
- Meu pai, hoje provar-te-ei, a ti e a toda a gente, de que fibra é feito o sangue que corre nas minhas veias! Eu e só eu serei a rainha!

- Mas…Mas onde está ela? – perguntava a rainha, desesperada. – Onde se meteu aquela incapaz? Que não lhe passe pela cabeça abandonar o meu filho! Não hoje! Não depois de tudo!
- Tenha calma, minha rainha. Provavelmente foi ter com alguém. – sugeriu a conselheira.
- Sim, vamos ao jardim. Espero que ela esteja por lá. Para o bem dela! Que não volte a pisar o solo deste reino se me fizer tal desfeita, porque a sua cabeça será distribuída pelos leões!
A rainha e a conselheira real saíram em passo apressado em direcção ao jardim Amedrontados pela sua expressão furiosa, os soldados e os escravos afastavam-se apressadamente de Alessandra.
O jardim real assemelhava-se a um labirinto e a procura por Ísis seria bastante exaustiva caso fossem apenas as duas mulheres.
- Minha rainha, não vale a pena cansar-se. Convoque alguns soldados para vasculharem o jardim.
- Eu não quero que isto se espalhe. Seremos só nós duas…E teremos que acelerar o passo.
- De acordo, minha rainha.
As duas seguiram caminhos diferentes tentando encontrar Ísis o mais rapidamente possível.
“E ela não estiver cá? Coitada da rainha…tanto esforço, tanto empenho e agora aconteceu isto...algo que ninguém poderia adivinhar.”, pensou Dyniana.

Entretanto, o rei acompanhava o seu filho cumprimentando todas as famílias presentes. Adhemar divertia-se com a falsidade de seu pai, a sua capacidade de falar com as gentes que lhe apenas desejavam o escalpe, que seriam os primeiros a cavar a sepultura da família Raven. Mas o reino era propício a estas situações. as uniões entre as pessoas tinham o seu momento E a amizade era uma palavra utópica. Até mesmo o príncipe já estava bastante evoluído na sua aprendizagem de relações interpessoais. Não foi, por isso, surpresa para o rei o à vontade do príncipe a falar com Rhemos, seu inimigo de infância.
Se é verdade que já tinham passado anos desde o seu último encontro, o olhar dos dois não mentia. O ódio mantinha-se lá, não tinha morrido. A sorte de Adhemar em ser filho do rei causava a inveja de Rhemos, e a facilidade com que o príncipe pôde igualar a educação dos outros foi a machadada sinal. Adhemar, como qualquer filho de rei, tinha a sua própria educação e, assim, logo desde os três anos começou a ser educado, assim continuando até aos quinze anos. Aí, o jovem fartou-se das paredes do castelo e solicitou aos pais que pudesse ter uma educação igual à dos outros, e assim foi colocado na Escola de Hallyarth, para onde iam todos os filhos de nobres. Entre eles encontrou Rhemos, filho do falecido Guiliärt, um dos mais bravos guerreiros do reino e de Yudimassa, uma das mulheres mais belas de Lithian, viúva cobiçada pelos mais valorosos soldados, mas sem que nenhum deles tivesse sucesso. Até Gälart tinha falhado as suas tentativas.
As quezílias entre Adhemar e Rhemos duraram por todo o período escolar. Qualquer rapariga que fosse alvo do desejo do príncipe era, desde esse momento, também um objectivo de Rhemos, mesmo que este não suportasse a presença da rapariga. Os professores, receosos, sempre deram as melhores notas a Adhemar perante a irritação de Rhemos. O príncipe não se importava em ser beneficiado, mais tempo lhe sobrava para andar na boa vida com o seu primo. Os constantes sorrisos de troça de Adhemar tiravam Rhemos do sério e em uma noite encontraram-se sozinhos em um canto escuro da cidade.
- Pois é hoje que acertaremos as contas, Rhemos. – afirmou o príncipe.
- Admira-me que não tragas as tuas mascotes de estimação atrás de ti. Surpreende-me, é certo. – observou o inimigo.
- Não preciso dos meus soldados para tratar de ti. És demasiado insignificante. – sorriu Adhemar.
- Isso veremos! – exclamou Rhemos atirando-se a ele, tentando acertar-lhe com o punho.
Adhemar desviou-se e deu uma joelhada no estômago de Rhemos.
O filho de Guiliärt soltou sangue pela boca, ajoelhou-se no chão com as mãos sobre a zona atingida.
- Já acabou? É tudo o que tinhas para dar? – perguntou Adhemar, soltando uma gargalhada.
O olhar de Rhemos endureceu ao ollhar para o príncipe.
- Não, meu príncipe! Não acabou!
Levantou-se, meio cambaleante e, olhando para o chão, começou a rir-se.
- Qual é a graça? – questionou Adhemar irritado.
Rhemos tirou uma adaga do seu cinto.
- Não sairás daqui vivo…meu príncipe.
O adversário do príncipe correu com a adaga apontando ao coração do inimigo, porém a sua velocidade não foi suficiente para surpreender o adversário. Adhemar saiu da frente de Rhemos e pregou-lhe uma rasteira, a adaga foi de imediato recolhida pelo príncipe que colocou-a na garganta de Rhemos.
- Cobarde! Devia matar-te agora mesmo! – exclamou Adhemar.
- Pois que esperas? Tanto eu como tu sabíamos ao que vínhamos. Hoje só um sairá vivo!
- Não vai ser necessariamente assim. – afirmou o príncipe sorrindo.
- Mata-me!
- Não! Hoje é o dia em que te deixo viver! Hoje é o dia em que tu ficarás em dívida comigo…para sempre! E saberes isso…é pior castigo que a morte. – disse Adhemar, levantando-se e atirando a adaga para longe.
Rhemos não se levantou. As lágrimas escorriam pelo seu rosto. A humilhação tinha sido total. Olhou para o lado e numa garrafa partida viu o seu reflexo. Procurou uma pedra no chão e atirou contra a garrafa, partindo-a. Era demasiado vergonhoso olhar para si próprio… Depois, sabendo que o príncipe ainda o podia ouvir gritou o mais alto possível.
- Vais pagar por isto, príncipe! Um dia irás pagar! Um dia será feita vingança!
Aquela noite foi totalmente recordada nos poucos segundos em que se cumprimentaram.

Quando o desespero já invadia o rosto da rainha, a voz de Ísis surgiu no horizonte.
- Minha rainha. – chamou a noiva que apareceu nas suas costas acompanhada da conselheira real.
- Aqui está ela. Estava sentada à beira do lago do jardim. – disse Dyniana.
- Minha filha, que te deu para desapareceres assim? Ias-me matando de preocupação! – exclamou a rainha.
- Perdoe-me minha rainha, apenas precisei de um tempo sozinha. Hoje é um passo enorme para mim. Por favor, perceba-me.
A rainha agitou as suas mãos acelerada.
- Não há tempo para perceber ou não perceber! A hora do casamento aproxima-se! Temos que nos despachar.

Finalmente chegou a hora do casamento. A noiva acabou por chegar um pouco atrasada, mas nada de muito estranho e até habitual nos casamentos.
Na primeira fila, era impossível a Elara disfarçar o seu nervosismo, mas a situação em que estava era um bom álibi. Afinal, porque não estaria impaciente com o casamento de um irmão? O rei e a rainha sentaram-se em tronos improvisados ao lado do altar exterior. Alvos muito fáceis, pensava Elara. Na fila de trás estava Rómulo, que, aproveitando um momento de maior confusão, segredou ao ouvido da princesa que os arqueiros estavam em posição.
A cerimónia ia decorrendo normalmente. Gälart, também na primeira fila, não conseguia evitar uns sorrisos de vez em quando. Nunca imaginara o primo naquela situação e só tentava imaginar o que sairia dali. Quando o padre perguntou se Adhemar tinha a certeza de que queria aceitar Ísis como sua esposa, Gälart ainda paralisou por alguns segundos. Será que o príncipe faria a desfeita aos seus pais?
- Sim. - respondeu o príncipe, descansando todos os presentes.
Quando todos pensavam que o casamento estariaa terminado assim que Adhemar e Ísis selassem a cerimónia com um beijo, duas setas sobrevoaram os presentes, uma delas atingindo o rei, e provocando o caos no recinto, impedindo os presentes de ver que a outra flecha não atingira o príncipe, pois este desaparecera…
 

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