terça-feira, 16 de março de 2010

Os filhos de Raven - Cap.VII - Parte V

No meio do reino algo reluzia, um brilho forte que se distinguia no céu. Atraído por esse objecto, um corvo mergulhou por entre as casas e resgatou-o. De seguida mudou de direcção, voando até à Caverna de Luath.

- Minha rainha - um soldado entrava na sala do trono - tem uma visita para si.
- De quem se trata? Estou sem paciência nenhuma.
- Arus Razza. - respondeu o soldado - E diz que não sai dali antes de falar consigo.
A rainha lançou um olhar de reprovação a Rómulo que estava estático do lado direito do trono, suspirou e com a mão deu ordem para que Arus entrasse.
- Bom dia, minha rainha. - atirou Arus Razza secamente - Tenho algo para lhe mostrar - a sua mão direita estava escondida atrás das costas.
- Porque me perturbas a paz tão cedo, Arus? - questionou a rainha - Vens agradecer-me por ter acabado com a vida daquela fétida?
Arus sorriu e mostrou o que tinha escondido.
- Deslumbre-se. - na sua mão direita segurava um corvo sem vida, a sua mão apertava com força o pescoço do animal - A minha paz foi perturbada ontem por dezenas destas animais nojentos. Seres comandados por você sabe bem. Muito depois da sua suposta morte. Vai contar-me o que aconteceu ou prefere continuar a enfadar-me com mentiras?
A rainha suspirou.
- Pois bem. Mereces saber. - fez sinal para que Rómulo desse um passo em frente - Conta-lhe!
Arus Razza olhava para Rómulo com desprezo, enquanto este se limitava a pronunciar :
- Falhei.
- Está rodeada de inúteis, minha rainha. - afirmou o nobre - É neles que confia a sua vida?
Alessandra levantou-se do trono e encaminhou-se para Arus. Frente a frente. Olhos nos olhos.
- Ajuda-me a resgatar o meu filho. - pediu - Assim que ele voltar para casa juro-te que mato a bruxa com as minhas próprias mãos.

Entretanto o corvo curioso chegou à caverna com o objecto que havia encontrado e, pousando, no ombro direito de Ofélia, deixou o objecto cair nas mãos da bruxa. Esta analisou o objecto e não evitou uma expressão de surpresa.
- O medalhão de Azhar... - arregalou os olhos e subitamente na sua mente apareceu o rosto de um homem com um uma expressão de ódio, uma imagem que permaneceu somente alguns segundos, antes de Ofélia voltar à realidade para observar melhor o medalhão
-Será verdade ou somente uma lenda? Será que eles sabem?

Num corredor menos percorrido pelas pessoas do palácio, Rómulo e Elara cruzaram-se. O soldado sorriu enquanto ela fez um ar de insatisfação. Rómulo encostou-a à parede e sussurrou-lhe ao ouvido.
- Quando quiseres...estarei no meu quarto. Todas as noites a minha porta estará aberta para ti. - disse o homem largando-a em seguida - Até logo - e saiu de perto da mulher. Esta seguiu-lhe os passos com o olhar e assim que este saiu do alcance da sua vista fechou os dois punhos e a sua expressão tornou-se dura.
- Sinto demais por ti, soldado. Não o posso. Sentimentos são o primeiro passo para uma derrota. Não vou perder tudo. Não agora. Se voltar a teu quarto não irei sozinha, levarei comigo uma adaga para cravar no teu coração antes que algo se crave no meu e não possa mais voltar atrás.

Arus Razza voltou para sua casa onde continuava a pensar na proposta da rainha. Ficara de dar uma resposta no final da tarde. A verdade é que estava inclinado para o sim. Sabia da vontade da rainha e sentia que esta estava a falar a verdade. Na verdade Alessandra também não morria de amores por Ofélia e por isso seria até um prazer tratar do assunto. O nobre sorriu. A rainha tinha-se afirmado sem margem para dúvidas, quem pensasse que o reino ficaria mais fraco com a morte do rei estava muitíssimo enganado. As coisas continuavam na mesma ou até piores para os adversários do reino. Arus afastou os pensamentos já com tudo decidido na sua cabeça e percorreu a casa à procura da filha mas esta não se encontrava lá.

- Não percebo muito bem o rumo que as coisas estão a tomar. - afirmou Isis - Queria poder contar-te mais mas ainda nem tenho a certeza do que se passa. A bruxa não morreu, isso é certo. Mas isso tu já sabias. Voltarei a casa e questionarei o meu pai sobre a decisão que quer tomar. Ao final da tarde encontramo-nos de novo aqui para que te possa contar.
O vulto que estava com ela tinha um capuz para que ninguém o reconhecesse. Assim que Isis acabou o que tinha para dizer os dois sairam daquele local por caminhos separados.
 

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