quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Os filhos de Raven - Capitulo I (Parte 5)

Aproveitando a escuridão da noite, Elara decidiu visitar a bruxa Ofélia para resolver a questão que a perturbava. Nada nem ninguém poderia interferir no seu plano, não depois de tanto esforço e de tantas noites acordada acertando todos os pormenores. A poucos dias do casamento do seu irmão a bruxa Ofélia era das poucas pontas soltas que poderiam destruir o seu plano.

A caverna de Luath situava-se nas montanhas Göol, montanhas essas que separavam o reino de Lithian da floresta obscura e de onde se contavam as mais horrendas histórias, conhecida por Nigerius. Porém a caverna de Luath distinguia-se perfeitamente na cordilheira de Göol. Além de se situar nas proximidades de Lithian era coberta por uma erva diferente de todas as outras. Não era verde como a normal, nem sequer castanha quando seca durante a época de calor. Esta erva que circundava a abertura da caverna de Luath era negra, mais negra que a noite que a envolvia.
Desde séculos que a caverna era conhecida por abrigar bruxos e feiticeiros. No inicio servia-lhes como refúgio, pois estes eram perseguidos para serem queimados na fogueira, um pequeno espectáculo que atraía toda a nobreza do reino. Mais tarde, contudo, um rei chamado Azhar, bisavô do rei presente, Amon, encontrou uma forma de utilizar os bruxos em seu proveito, e a troca de uma pequena recompensa de cinquenta em cinquenta dias os fugitivos de Luath tornaram-se subalternos do rei, informando-o sobre conspirações e ataques ao reino, além de avisarem sobre as condições favoráveis e desfavoráveis aos ataques que o próprio reino planeava.

Enquanto entrava no sinistro lugar, Elara sentiu-se um pouco indisposta. A erva negra soltava um odor estranho e nada agradável. No início da caverna prolongava-se a noite, acompanhada, desta forma, de sons de morcegos que se fundiam com a sua própria imobilidade, emitindo aqueles seus ruídos perturbadores. Alguns passos depois e já era possível a Elara descortinar uma pequena luz, não a iluminação de uma lâmpada mas sim a luz provocada por uma fogueira. Ofélia encontrava-se de costas para as chamas, observando uma pequena ratazana que vagueava nas suas mãos.

- Quem desliza nas sombras ao meu encontro? – perguntou, com uma voz lúgubre.
- Pára com as frases feitas, Ofélia. – respondeu Elara sem mostrar receio – Sabes bem quem sou e a razão pela qual te procuro. Se não o soubesses, que estaria eu a fazer? Porque me arriscaria na noite se bruxa não fosses? Poupemos diálogos absurdos e tentativas de intimidação, não tenho medo deste ambiente nem do que me possas fazer, pois sabes bem que é comigo viva que mais ganharás. Cortemos nas falas sem nexo e em tentativas de simpatia falsa que somente nos consomem tempo. Tempo valioso para as duas, acredito. Sabes bem o que tenho para oferecer. E é muito mais daquilo que o meu pai algum dia te dará.
- Cem moedas de ouro. – comentou a bruxa, apreciativamente – Realmente duvido que o rei algum dia seja generoso até este ponto. Dez moedas de ouro de cinquenta em cinquenta dias que é com o que o teu gentil pai me paga…não é grande coisa. Porém não é só pela recompensa, apesar de não poder negar que do pecado de ambição sofro, que pretendo ajudar. Na verdade fascina-me toda esta situação. A menina mais mimada do reino, a jovem que é comparada a Vénus pela sua beleza e a uma borboleta pela sua suposta fragilidade planeia escondida nas trevas as mortes do seu pai e do próprio irmão.
- Existem coisas mais importantes que o amor dos meus e as suas patéticas preocupações com o seu rebento mais novo. Eu quero o poder a que tenho direito mas pelo qual teria de esperar décadas pois o meu pai e o meu irmão ainda se encontram à minha frente!
- E a rainha também… - acrescentou Ofélia, provocadora.
- A minha querida mãe é um alvo demasiado fácil para ser obstáculo. – declarou a princesa – Não será agora, mas não demorará muito tempo. Depois do dia do casamento do meu irmão, o caminho estará aberto para mim pois o meu irmão não sairá desse dia com uma aliança no dedo mas sim com uma seta cravada no peito!
- Pelo ouro e pelo prazer que os próximos dias me fornecerão, tens a minha palavra de que nada farei para impedir, e nada contarei. Porém devo prevenir-te. Observas esta ratazana?
Elara observou a ratazana aos círculos na mão esquerda da bruxa.
- Sim…
- Ela anda aos círculos. Não é bom prenúncio. O teu plano poderá ainda ter alguma falha.
- A última ponta solta eras tu. E penso já estar tratado.
- Sim, do que conheces, de facto era eu. Porém Lithian é vasto. E o perigo pode residir até em quem desconheces.
Elara aproximou-se da bruxa, lutando a custo para conter a irritação que a invadia.
- E quem é? Quem é?
- Nada mais consigo dizer. – replicou Ofélia – Toma cuidado!
- Vou partir então.
- Antes de ires, - lembrou a bruxa – há algo que me perturba.
- Outra coisa?
- A reacção de Rómulo. Sei que não será a melhor. Não gostará da nossa união. Presumo que, na sua cabeça, pensou que viesses cá ameaçar lançar-me à fogueira, ou cortar-me a cabeça. Nunca suspeitou que viesses propor-me um pacto.
- Rómulo - interrompeu Elara – é apenas um peão do qual me livrarei assim que possível. Não me levanta preocupações. É apenas um cachorrinho que obedece cegamente às minhas ordens pelo estúpido amor platónico que sente por mim. Entre um feitiço e uma arma, penso que escolherei o primeiro.
Ofélia sorriu.
- É uma escolha plausível.
- Acreditando não na tua fidelidade mas sim na tua ganância parto de volta ao castelo. – completou Elara despedindo-se.

*

No castelo, Adhemar encontrava-se sentado numa das janelas do seu quarto, enquanto o seu primo e melhor amigo Gälart, chegado no fim da tarde daquele dia para passar uns dias no castelo até ao dia do casamento, estava sentado na cama de Adhemar.
- Faltam alguns dias, primo. Nervoso? – questionou Gälart sorrindo.
- Bem sabes que não. – replicou Adhemar - Só quero que acabe o mais depressa possível.
- Eu ficaria nervoso perante a contagem decrescente para a minha vida boémia acabar. Estar uma noite com uma mulher, recitar-lhe uns poemas para a convencer a mergulhar nos nossos lençóis é uma coisa perfeitamente distinta de passar o resto dos dias com ela.
- Ambos sabemos o que está em jogo. Obviamente que não será para o resto da minha vida. Serão meses no máximo. Um pesadelo de meses.
- Ora, e o amor, meu primo? E o amor? – perguntou Gälart ironicamente.
- O que contas na tua poesia não é o que tu pensas. Se nas tuas odes homenageias o amor, no dia a dia o teu amor são vários e não um só. E é isso também que eu penso do amor. Há muitos, e em cada dia tentarei conhecer um diferente.
Adhemar levantou-se.
- Meu bom primo, – sugeriu o príncipe sorrindo - deixemos estas conversas fúteis e vamos até à adega real experimentar a colheita de este ano.

*

No quarto do rei, Amon e Alessandra preparavam-se para se deitar.
- Ofereci o meu vestido de casamento a Ísis. Estará linda. – contou Alessandra, mostrando felicidade.
- Porque me contas o que não me interessa? – interrogou Amon, irritado.
- É o casamento do teu filho.
- E é algo que não quero saber. Será uma cerimónia útil e apenas isso.
A rainha sentou-se na cama.
- Lembras-te do nosso? Foi um dia memorável.
O rei agarrou a rainha pelo pulso da mão direita e levantou-a bruscamente.
- Eu não quero saber! Percebe de uma vez que tu não tens direito sequer a olhar para mim! Não és nada! És um objecto pura e simplesmente! És ridícula! – exclamou largando-a bruscamente no chão. – Agora despe-te que é para isso que partilhas este quarto comigo.
*

Rómulo vagueava de um lado para o outro em frente à porta do quarto da princesa Elara. Estava inquieto com a demora até que esta surgiu perante ele.
- Já está tudo tratado. – afirmou a princesa.
- Espero que as suas ameaças tenham sido aquilo que aquela coisa merece. – disse Rómulo.
Elara sorriu abrindo a porta do quarto.
- Não te preocupes, meu querido Rómulo. Ela não se intrometerá nos nossos planos. – respondeu Elara entrando no quarto e fechando a porta.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Os Filhos de Raven - Capítulo I (Parte IV)

Não conseguiu conter a emoção ao reconhecer o cavaleiro que, lentamente, descia da sua montada, como se demasiado exausto para se suportar no seu próprio corpo. Mordechai, o seu amigo de infância e uma das suas melhores fontes no interior da corte dos Raven vinha ao encontro do seu refúgio, coberto pelo negro dos condenados e pela sombra de uma expressão demasiado preocupada para disfarçar.
Dominada pela perturbação, Amara correu ao seu encontro, acolhendo-o nos seus braços com a intemporal ternura da sua relação, tão forte como se apenas no dia anterior se tivessem separado. Depois, os seus olhos encontraram os dele, e um breve sorriso de alívio surgiu nos seus lábios ao ver que, ainda que tudo o mais estivesse comprometido, a segurança do seu querido amigo não o estava.
- Querido, querido Mordechai… - sussurrou, enquanto o sentia contra o seu corpo – Quando me anunciaram uma condenação, temi que tivesses morrido.
O cavaleiro sorriu levemente.
- Como vês, - respondeu – estou bem. Mas não creio que algo de tão simples deva ser motivo de alívio, quando tanto está em jogo.
A expressão de Amara moldou-se numa máscara de severidade.
- O que aconteceu?
- A segurança na corte de Lithian foi bruscamente aumentada. À medida que o casamento do herdeiro se aproxima, a paranóia de Amon agrava-se e, como sabes, ele tem modos de a satisfazer. Perdões foram concedidos em troca da traição e a verdade é que vários dos nossos mudaram de lado.
- Estamos perdidos… - murmurou Amara.
- Não. – interrompeu Mordechai – Sabes que são muito poucos os que podem chegar até ti e esses acreditam na tua causa.
- Na nossa causa. – corrigiu-o ela.
- Seja. Nenhum de entre os que te conhecem te traiu ou trairá. Mas muitos deles poderão ser denunciados, como eu fui, e terão de fugir ou morrer. Está preparada para receber más notícias a partir de agora.
Amara assentiu.
- Não deixarei de o estar. – declarou – Mas garanto-te que, em devido tempo, vingarei ou compensarei todos aqueles que me seguirem nesta causa. Sabes que é justa, não é verdade?
- Evidentemente. – concordou Mordechai.
- Vou precisar que me contes tudo sobre esse casamento. – concluiu Amara – Torna-se claro que precisarei de tomar uma atitude. Mas antes quero que repouses. Apenas consigo imaginar o que terá sido para ti percorrer toda a distância desde a capital em compasso de fuga.
- Amara, eu posso…
- Não. – interrompeu ela – Não… Quero-te recuperado e pronto para o que vier quando a tempestade chegar. Afinal, és tu quem detém a minha máxima confiança… - acrescentou, num inesperado laivo de ternura – Descansa. Também eu preciso de meditar sobre o que vou fazer.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Os filhos de Raven - Capitulo I (Parte III)

- Aquela bruxa velha! – exclamou Elara – Ela vai estragar tudo!
Elara, semente mais nova da dinastia Raven, caminhava, nervosamente, de um lado para o outro, numa pequena sala do castelo, diante do olhar de Rómulo.
- Se ela abre a boca os nossos planos serão arruinados. – comentou o guerreiro com asco.
- Bem sei que o meu bom pai acreditará na sua frágil e inocente filha. Aquela que não se sabe proteger. Aquela que é protegida pelo guerreiro mais valente do reino – Elara olhou para Rómulo, sorrindo – Mas qualquer atraso no nosso plano será meio caminho andado para o fracasso. E eu abomino essa palavra! A nossa estratégia tem imperiosamente de ser colocada em prática no dia do casamento do meu querido irmão!
Rómulo tirou a sua espada da bainha e ajoelhou-se perante a princesa mostrando a arma.
- Se a princesa assim o desejar, terei todo o prazer em apagar do nosso destino tão incómoda criatura.
Elara andava agora à volta do cavaleiro.
- Bem sei do teu ódio por Ofélia. E é exactamente por essa razão que não posso permitir que faças tal coisa. A bruxa morta seria menos um estorvo, é verdade, porém provavelmente será mais útil viva. Se eu te ordenasse apenas para a amedrontar tenho a certeza que amanhã estarias diante de mim ajoelhado não mostrando uma espada, mas sim a cabeça da bruxa. Inventarias uma desculpa absurda qualquer, que ela tinha tentando enfeitiçar-te, que ela te tinha atacado ou prometido mal ao reino. Pois não, não quero que faças nenhum gesto. Ficarás no castelo organizando ou reorganizando o resto do plano para que nada falhe. Eu própria me deslocarei à Caverna de Luath para falar com ela.
Rómulo olhou para ela, consternado.
- Sozinha? Não posso permitir. O rei…
Elara interrompeu.
- Quer que sempre me acompanhes porque eu sou uma jovem indefesa. Bem sabes que não é verdade. Se ele questionar dirás que estou no meu quarto a repousar e não quero ser perturbada.
- Assim será. – respondeu Rómulo, relutante.

*

Entretanto a rainha encontrava-se com a futura nora nos futuros aposentos da mesma.
- Ainda bem que chego em momento de tão crucial importância.
- Não era preciso incomodar-se, minha rainha. Já tenho alguns vestidos de noiva dos quais particularmente gosto. – disse Ísis, apontando para os vestidos em cima da sua cama.
Alessandra olhou para os vestidos com um ar reprovador.
- Não, não, não. Esses vestidos não merecem tal honra. Não é qualquer pedaço de trapos que entrará na Igreja para se unir ao meu filho.
A rapariga baixou a cabeça.
- Ergue-te! – exclamou a rainha - Serás princesa! Não podes rebaixar-te. Não quero que nunca mais faças esse gesto! É uma vergonha para a família Raven! Nós somos a família real! E é um vestido real que levarás ao casamento. Livra-te desse lixo todo e depois dirige-te ao meu quarto. Lá estarei à espera com o vestido que levarás no dia mais feliz da tua vida.
A rainha saiu do quarto deixando Ísis, aturdida, olhando para os vestidos.

domingo, 19 de outubro de 2008

Os Filhos de Raven - Capítulo I (Parte II)

Amara tinha nos olhos o fulgor da tempestade e no rosto a severidade dos perdidos. Como um vulcão, nunca escondia as suas emoções, nem mesmo perante os inimigos, e a beleza dos seus cabelos de fogo, misteriosos como as trevas do seu olhar, reflectiam a sua personalidade de líder incontestável.
- Como é possível – dizia, exasperada, enquanto caminhava de um lado para o outro na sua pequena casa – que ninguém faça o menor gesto para avançar com o plano? Serei eu a única interessada em restaurar a tranquilidade de Lithian?
- Acalma-te, Amara. – respondeu o mestre – Sabes que as coisas não são assim tão simples. Tens noção de quantas vidas apostas no teu jogo de guerra? Se houver a menor falha, estaremos todos mortos ao amanhecer do dia seguinte.
Amara suspirou.
- Eu sei, mestre. – respondeu – Simplesmente irrita-me que o tempo passe tão devagar.
Andros sorriu. Não o surpreendia, de todo, o comportamento intempestivo da sua discípula. Afinal, o seu ódio pelos Raven era algo de visceral, inviolável. Como poderia ser de outra forma, depois de tudo o que estes lhe haviam feito?
- Creio – disse – que necessitas de um pouco mais de tranquilidade, Amara. E entendo que não é fácil para ti, enquanto o reino treme sob o peso das conspirações, ficar aqui, em Varin, à espera que as nossas forças se reúnam. Ainda assim, precisas de ter paciência.
- Terei paciência. – declarou Amara – Mas talvez ajudasse um pouco se as nossas fontes nos trouxessem novidades…
Nesse momento, uma criança entrou pela casa adentro, apressada e ofegante.
- Que se passa, Mirian? – perguntou Andros, dirigindo-se à pequena rapariga de cabelos emaranhados e olhos de azul celeste.
- Vem aí… - balbuciou esta – Vem… Vem aí um cavaleiro.
Amara assentiu.
- Viste as armas dele?
- Não traz armas. – respondeu Mirian – Vem completamente de negro e… Parece apressado.
Andros anuiu.
- Um condenado em fuga… - murmurou – Provavelmente, um dos nossos. Teremos sido descobertos?
- Que os deuses tenham misericórdia. – replicou Amara – Se isso aconteceu, não nos resta salvação.
» Mas vamos. – declarou, afastando, com as suas palavras, a sombra da espada que pairava sobre as suas cabeças – Vejamos quem é esse cavaleiro e o que tem para nos dizer.

Os filhos de Raven - Capitulo I (Parte I)

Capitulo Primeiro

O corvo representa uma das espécies de pássaros de maiores dimensões. Vivem em bandos com estrutura hierárquica bem definida. São aves que exibem sinais de inteligência, planeamento e comunicação entre os mesmos. Também são conhecidos por poderem ser necrófagos. Em inglês corvo é Raven. Este era o apelido da família mais nobre e poderosa do reino de Lithian.

Adhemar, filho do rei Amon e da rainha Alessandra estava de braços esticados e com um ar entediado enquanto Ada, a escrava, tirava as medidas para preparar um fato. Ao lado, a mãe Alessandra observava.
- Por mil ézios, soubesse eu o trabalho que dá a união de duas pessoas que estaria muito bem quieto. – comentou Adhemar.
- Ora, meu filho. – respondeu a rainha - Imagina como estará Ísis.
- Sabe bem porque faço isto, minha mãe. Não magique na sua mente histórias de encantar. Estamos ambos bastante crescidos para isso.
A rainha sentou-se no sofá mais distante.
- Já que se faz, que se faça bem feito. Bem sabes como sou. E é a nossa honra que está em questão. Quero fazer algo único.
- Não devia estar a ter esta conversa com a minha futura esposa? Ela, sim, é bem capaz de fantasiar com essas coisas. Eu só quero que me seja permitido acabar com esta posição de crucificado para poder ir caçar. Antes que a escuridão o impeça e seja mais um dia perdido.
- Tens razão num ponto. Devo ir ter com a minha futura nora, temo que as suas escolhas possam atrapalhar um pouco o que tenho na cabeça.
Adhemar sorriu.
- De certa forma, parece que é a minha mãe que vai casar.
A rainha retribuiu o sorriso e saiu da sala.
O rei Amon encontrava-se no trono, as mãos repousando sobre os braços da madeira luxuosa, e enquanto esperava pelo filho para ir caçar conversava com o seu braço-direito, Rómulo e a feiticeira Ofélia.
- Diz-me feiticeira. Como está o mar?
Ofélia aproximou-se do rei e ajoelhou-se.
- O mar está agitado, meu rei. Um ar extremamente salgado que indica tempestade.
- Tão perto do casamento do meu filho? Quem se atreveria? Quem na sua perfeita consciência providenciaria um ataque ao meu império neste momento?
O rei levantou-se, furioso.
- É bom que o Duque de Castella não pense em tal disparate! Pendurarei a sua cabeça decapitada junto à minha colecção de javalis!
Rómulo fez sinal ao rei para se acalmar.
- Meu bom rei, nada tema. Sabe perfeitamente que possui uma armada invencível. Bravos guerreiros que o respeitam. Que darão a vida por si!
- E nada mais fazem que a sua obrigação! Casos não queiram ser comida para leões!
Adhemar surgiu na sala.
- Pronto para a caça, meu pai?
O rei anuiu e abandonou o trono saindo da sala com o filho.
Ofélia, a bruxa, sorriu para Rómulo.
- Tem cuidado com a tempestade que estás prestes a enfrentar. Há um grande risco de naufrágio. Trair o capitão não é muito inteligente.
Rómulo olhou para ela com frieza.
- O dia em que te atirar à fogueira será o dia mais feliz da minha vida.
 

site weekly hits
Corporate-Class Laptop