domingo, 1 de março de 2009

Capitulo IV (Parte III)

A noite encobria a viagem de Elara. A conversa não poderia esperar. As dúvidas seriam dissipadas. A bruxa teria que se explicar. O cavalo que transportava a princesa era quem pagava a sua fúria, sendo castigado cada vez que desacelerava um pouco.

Na caverna de Luath um corvo voava à volta da bruxa Ofélia, quando, subitamente, queimou uma das asas na fogueira. Ofélia pegou no corvo e deitou-o num pedaço de madeira. Depois pegou numa estaca e cravou-a no pássaro, extinguindo a vida do pequeno animal.

- Porque me visitas a esta hora? – questionou a bruxa, sem olhar para a entrada da caverna onde Elara surgia.
- Bem sabes porque vim. Gosto das coisas directas e sem rodeios, como já tens conhecimento.
- É um bom hábito. – sorriu Ofélia.
- Então, poupa-nos às duas. Diz-me o que preciso saber.
- Porque não te disse que existiriam outros? Porque não te preveni? A resposta é demasiado simples.
- E afinal, qual é? – a princesa fez um gesto de desprezo – Lembra-te que estás a arriscar o teu ouro.
- Eu preveni-te de que o reino é vasto e que poderia existir alguma falha. Na verdade, disse tudo o que necessitavas saber.
- Mas sabes quem são os intrusos? Porque não me disseste? – perguntou Elara, exaltada – O facto de o príncipe ainda estar vivo atrasará o meu assalto ao trono e enquanto não estiver no lugar onde pertenço não há recompensa! Não há moedas de ouro!
- As coisas não são tão lineares. Eu sabia que havia perigos, mas eram apenas sombras na minha cabeça. Não conseguia revelar-te quem eram os inimigos, – fez uma pausa – mesmo que quisesse.
- Agora já deves saber! Quem levou o meu irmão? – interrogou a princesa.
- Como queres que te ajude se não queres cumprir a tua palavra? Se dizes não me dar o ouro?
- O plano era chegar ao trono! E isso não foi cumprido!
- Dá-me metade do prometido agora e a outra metade quando estiveres no trono.
- Diz-me onde está o príncipe e eu dou-te metade do prometido.
Ofélia sorriu.
- Dá-me metade do que me prometeste e eu digo-te onde está o príncipe.
- Tudo bem. Dar-te-ei as moedas. Vim prevenida.
- Ambas sabemos como as nossas mentes funcionam. É perfeito. Metade do caminho está logo feito.
- O príncipe acaba de chegar a um certo lugar na floresta. Sugiro que vás ou envies alguém…antes que seja tarde demais.
- Será morto? Mas isso seria perfeito.
- Talvez…Talvez não. O meu conselho é que vás.
- E como sei onde o encontrar?
- D’aherk vitis.
Um corvo entrou na gruta e pousou no braço da bruxa.
- Ele sabe o caminho. Segue-o.
A princesa sorriu.
- Parto agora, então. Bendito o teu amor pelo ouro.
A bruxa não disse nenhuma palavra enquanto a princesa saia da caverna guiada pelo corvo. “Amor”, que palavra tão longínqua… Que sentimento era esse? Já não se recordava. Fazia já muito tempo que o haviam roubado…

Naquele dia de Outono quando as primeiras chuvas cerravam o reino e as folhas começavam a cair perante o amanhecer surgiu alguém que tinha apenas um propósito. Ofélia tinha saído para comprar verduras e aproveitando-se disso um homem de barba por fazer e aparentes trinta anos e dois amigos invadiram a casa da mesma, onde se encontrava o marido de quem ela estava grávida. Quando voltou para casa deixou cair o saco de verduras no meio da lama e levou as mãos à boca. A casa ardia. Tudo ardia. Lá fora escrito a sangue “Tu serás a próxima, bruxa!”. E desde aí tudo mudou. O amor, a caverna, apenas o ouro interessava.
Ofélia cravou as suas unhas nas suas mãos fazendo-as sangrar.
- Tu pagarás! Arus Razza…tu pagarás!

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