segunda-feira, 27 de abril de 2009

Capítulo VI (Parte II)

- Bons dias, senhores. – cumprimentou Amara, entrando na divisão onde, em silêncio, os seus principais aliados a esperavam. Havia uma estranha tranquilidade no seu rosto e, pela primeira vez em muito tempo, havia nos seus lábios o esboço do que parecia ser um sorriso genuíno.
- Lorde Fadenbran. – prosseguiu ela, usando os títulos formais, enquanto, com o olhar percorria, um a um, os rostos dos seus companheiros – Lorde Gray. Magister.
Em resposta à sua saudação, Soran e Andros assentiram. Mordechai replicou:
- Senhora Morningstar.
Amara sorriu, sentando-se graciosamente na cadeira que fora deixada livre para si.
- Não fomos bem sucedidos – começou – na nossa conspiração. Forças que desconhecemos impediram os nossos gestos. Ainda assim, não podemos dizer que toda a nossa luta foi em vão. Lamento, evidentemente, a morte de um dos nossos melhores companheiros e não creio que o que conquistámos justifique a sua perda, mas a verdade é que não o podemos recuperar. Resta-nos agradecer pelo que conseguimos.
- O rei está morto. – observou Soran – E, apesar dos imprevistos, consegui trazer-te um dos teus inimigos. Diria que não é pouco, mas…
- Mas há mais, meu caro. – interrompeu Amara – Com toda a agitação da noite passada, esqueci-me de te referir esse facto. Temos o príncipe herdeiro na nossa posse.
Soran vacilou.
- Então, a Delenia foi bem sucedida? – questionou – Notei o seu desaparecimento, mas nunca pensei...
- Sim. – assentiu Andros – Se bem que eu preferia que ela tivesse morto o príncipe. Todos sabemos que a rainha não se poupará a esforços para o recuperar.
- Deveras. – concordou Amara – E é por isso mesmo que a vida do principezinho é preciosa. Creio que nos conquistará um exército.
Mordechai fitou-a, surpreendido.
- O que tens em mente? – perguntou.
Amara suspirou.
- Não o posso revelar, ainda. – disse – Na verdade, espero não ter de envolver o corvo na negociação. Custar-me-ia recusar ao direito que tenho sobre a sua vida. Mas o que tiver de ser, será. Precisamos de aliados, caríssimo, e de aliados poderosos. E quem melhor que o reino que tão, benevolentemente, tem ignorado a nossa conspiradora presença?
Soran sorriu.
- Vais propor aliança a Agaloth?
- É esse o meu plano. – assentiu Amara – Afinal, todos nós sabemos o quanto o rei odeia os senhores de Lithian. E quando os Raven tiverem dito adeus à vida… Bem, eu tenho um nome que me garante bastantes privilégios. Tenho muito a oferecer ao senhor de Agaloth.
Andros esboçou um sorriso enigmático. Não era só a opção mais acertada, era também a rápida acção de que precisavam. A capital do reino ficava nas proximidades, uma vez que, de todos os reinos que faziam fronteira com Agaloth, Lithian era o único que, apesar de todos os ódios conhecidos e por conhecer, nunca estivera em guerra com o reino vizinho.
- E quando vais fazer isso? – perguntou.
- Agora mesmo. – respondeu Amara – Mordechai, meu amigo, preciso dos teus serviços.
- Ordena, caríssima, - assentiu o homem – e será como quiseres.
- Preciso que partas para a capital. Levarás contigo o sinal das minhas armas e, em meu nome, pedirás audiência ao rei. Dir-lhe-ás que tenho comigo toda a urgência dos tempos. E dir-lhe-ás que vais em nome de Calana Westraven.

- Tens a certeza do que estás a fazer? – perguntou Soran, quando ficaram a sós.
No silêncio entre ambos os seus corpos, as suas almas pareciam clamar uma pela outra, mas a mordaça que pairava sobre os planos de Amara parecia revelar aos olhos do lorde uma mulher diferente, uma rainha que, apesar de toda a sua serena beleza, não deixava de ser um enigma para os seus sentimentos.
- Sabes que sim, meu querido. – respondeu Amara, aproximando-se e, nesse momento, Soran voltou a ver a mulher que amava desde longos anos – Sei que julgas que arrisco demasiado, - prosseguiu – ao revelar-me abertamente a um homem que, com uma simples ordem, pode lançar sobre nós uma força imensa o suficiente para nos aniquilar em poucos momentos. Mas também sabes que Lithian dispõe do mesmo poder e, se suspeitam de que o príncipe veio nesta direcção…
Soran assentiu.
- Não questiono as tuas decisões. – disse – Apenas… Apenas tenho medo de te perder.
Nesse momento, os lábios de Amara fundiram-se aos seus num beijo apaixonado, longo e voluptuoso.
- Nunca me perderás. – murmurou ela, quando os seus lábios se apartaram – Nunca.

2 comentários:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Fico à espera de mais ^^

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

deixei uma coisa nas Ameias para os "Filhos de Raven" ^^

 

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